terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mostremos a eles!



"Esses caras, os patrões, existem.
E as pessoas merecem saber quem eles sã
o."
Alex de Souza
Quem são os patrões?*



Após um bom tempo, os jornalistas potiguares estão novamente envolvidos numa campanha salarial para valer. Vários anos de submissão e/ou acomodação tiveram como resultado um piso salarial vergonhoso. Hoje, somos alguns dos que menos ganham com a tinta da pena, com o perdão do anacronismo na figura de linguagem.

Todo mundo trata bem jornalista. É assim com as mais diferentes camadas do poder. A gente está sempre por ali, circulando. O que se publica nos jornais ainda tem a capacidade de favorecer a uns e desfavorecer a outros. Ainda há um público. Acostumados a esse tratamento cordial, esquecemos de outra noção um tanto quanto démodé: a luta de classes.

Não existe patrão bonzinho quando chega a hora de botar a mão no bolso. O jogo sempre é duro, por mais bunda mole que você seja. Bobeou, pimba. Foi o que sinalizou a pauta apresentada pelos sindicatos patronais. A penúria é tanta que mui humildemente compartilhamos a solidariedade (quiçá a misericórdia) dos policiais civis, dos profissionais da saúde, da construção civil, entre outros. Trocando em miúdos, estamos tão fudidos que daqui a pouco toda a cidade estará comentando.

Longe de envergonhar, isso é muito bom. Afinal, o jornal que fazemos todo dia jamais irá publicar a notícia de que somos mal pagos, trabalhamos em más condições, submetidos a uma carga de serviço imensa, desrespeitados em nossos direitos, assediados moralmente, entre outras doces sevícias, como o café frio. As pessoas precisam saber que existe alguém passando por maus bocados por trás da fria assinatura no cabeçalho da matéria. E elas também devem conhecer os responsáveis por isso.

Afinal de contas, o amigo com certeza sabe quem são os patrões. Mas, e o resto da cidade, sabe? Digo isso, porque quando escuto a gente falando ‘os patrões fizeram isso e aquilo’ vem logo uma visão meio ectoplásmica. Aí rola audiência pública, ou seja um fórum realmente livre da sociedade, e mais uma vez os ‘patrões’ (uhhhhh) não dão as caras, então é meio como se eles não tivessem rostos e não circulassem pelas ruas. Tudo bem que com os Associados é quase isso. Mas esses caras, os patrões, existem. E as pessoas merecem saber quem eles são.

Primeiro, vamos esclarecer: o patrão não é o chefe/diretor/escolha-um-nome de redação que tira seu sangue todo dia. Seja um bacana, um escrotinho sonso ou um neonazista, ele é apenas um pau mandado. No Rio Grande do Norte, proprietários de veículos de comunicação são majoritariamente políticos e jornalistas. No caso destes, é uma espécie de Síndrome de Estocolmo. Depois de muitos anos sofrendo, acham normal que o mesmo aconteça agora. Mas, no final das contas, é tal a dependência e subserviência que devotam aos políticos que, no final, são tão fantoches quanto nós.

Os sujeitos simpáticos que vira e mexe pagam uma rodada de uísque, arrumam um por fora mais decente num gabinete, numa repartição, na empresa de um amigo, e que aparecem sorridentes e solícitos dia sim e outro também no noticiário, tornando o mundo num lugar melhor para todos. São eles que querem nos ver pelas costas enquanto dirigem seus carrões rumo ao litoral Norte, ou a Tibau.
Os responsáveis pelo pior salário pago a um jornalista no país são: Henrique Eduardo Alves, Agnelo Alves e boa parte da parentada aboletada em cargos públicos. Afinal de contas, é um negócio de família. Aqueles que pretendem restringir as folgas no trabalho a um domingo por mês são José Agripino Maia, seu mancebo, seu tio, seus acólitos, cachorros e papagaios. É Rosalba Ciarlini e seus Carlos Augustos, Betinhos, Lahyres, Sandras e Larissas quem propõe diminuir as multas por desrespeito a direitos e deveres em multas de R$ 20.


Os salvadores da pátria, os pais dos pobres, vêm se perpetuando no poder graças a uma eficiente máquina de comunicação. Seus eleitores, amigos do peito e de todas as horas, têm o direito de saber como essa máquina funciona. Mostremos a eles.

Alex de Souza, 31 anos, jornalista.

*Este texto foi enviado ao #JRNemluto, expressa a opinião do autor e foi assinado com autorização dele.




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