O problema é a dignidade
Segundo o diretor do Dieese do RN, Melquisedeque Moreira, um flanelinha em Natal tira em torno de R$ 850. Um jornalista, em média, R$ 900.
Jornalistas em Natal não tem banco de horas. Deveriam, por lei, trabalhar cinco. É comum muitos chegarem a ficar até 12 horas numa redação. Só é autorizado a sair quando acaba a pauta. Não recebe hora extra, nem folga por isso.
Não recebem vale alimentação. O repórter que trabalha pela manhã (geralmente das 8h às 14h, quando o deixam cumprir o horário) não almoça. Muitas vezes o horário de saída é estendido e ele segue, sem comer. Se for se alimentar na pauta, ele paga.
Vale-transporte? Só se descontar do salário.
A mobilização dos jornalistas potiguares vai além de um aumento salarial. Briga-se pela dignidade, pela valorização profissional.
Para ser jornalista, mesmo sem diploma, você precisa de bagagem intelectual e cultural. Você precisa aprender a lidar com as pressões diárias. É preciso ter jogo de cintura com as fontes e uma cabeça boa,se não, enlouquece.
Aquela menina bonita que você vê na TV, ou aquele nome que assina a matéria, aquele sujeito muitas vezes fez três, ou quatro matérias naquele dia. Ele provavelmente não teve fim de semana e, ainda, equilibra dois ou três empregos.
Isso mesmo, dois ou três empregos. O jornalista que pretende sair da casa dos pais, em Natal, precisa ter dois ou três empregos para garantir uma vida razoável. Se não, morre de fome.
Jornalista corre para onde tem tiroteio. Entrevista assaltantes. Corre o risco de se contaminar com doenças contagiosas, caso sua pauta seja, por exemplo, entrevistar alguém com gripe suína. É ameaçado. E ganha R$ 900 por mês, sem insalubridade, sem nem um tipo de seguro para manter sua integridade física e sua saúde. Sem dignidade.
É por isso que os profissionais estão unidos. Muitos com medo de perderem seus empregos. Mais unidos e mostraram mais uma vez força e determinação na última assembléia, realizada com mais de 60 pessoas na sede do Sindjorn na noite da última quinta-feira.
Apóie esse movimento. O que está em jogo aqui é mais do que uma luta de classe. É o valor da informação que você recebe. É a dignidade da pessoa que escreve o texto que você lê, que faz a matéria que você assiste e que tem o prazer de te deixar informado.
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